sábado, 7 de março de 2015

Primeiras impressões sobre A Mais Pura Verdade e bajuladores de editoras


Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre algo bastante polêmico e pelo que certamente muitos blogs podem até me odiar. 
Há algumas semanas, a editora Novo Conceito me enviou um release do livro A Mais Pura Verdade, do iniciante Dan Gemeinhart, e deu a nós, blogueiros, a missão de lê-lo e, ao final, fazer um post com as primeiras impressões para que nos enviassem o livro todo. 
O livro conta a história de um garotinho com uma certa doença que decide fugir de casa (também por um certo motivo que faz parte das descobertas do livro) para viver uma aventura nas montanhas. Basicamente, uma mistura de Extraordinário, de R. J. Palacio (que amei) com Into the Wild. Fiquei muito empolgado com a premissa, e me prontifiquei a ler, já pensando em como seria legal receber o livro da editora, mesmo não sendo um blog parceiro (ainda não tenho 1000 seguidores nem página no Facebook, amigos). 
Pois bem, comecei o livro animado, segui com a leitura, relevando alguns pontos que já me deixaram com um pé atrás, até que cheguei em um ponto em que não conseguia prosseguir, tamanha era a falta de qualidade em tudo aquilo.
Me perdoem a sinceridade, mas me pediram para escrever um post com as minhas primeiras impressões do livro, e é o que farei, para o bem ou para o mal.


A Mais Pura Verdade, para começar, é incrivelmente mal escrito. Eu sei, o personagem principal é uma criança e não teria um vocabulário elevado ou recursos linguísticos machadianos. Mas o livro conta com capítulos alternados, um seguindo o garoto e outro nos mostrando o que está acontecendo com sua família. Esses são os que mais me incomodaram, escritos de maneira muito pobre para a qual tenho duas teorias: 1. o autor talvez tenha tentado criar uma atmosfera onírica, como quando estamos em um flashback ou em um sonho em algum filme ou série e a imagem ganha um certo desfoque, ou outras cores... talvez ele tenha pensado que isso ficaria legal em um livro (não ficou); 2. ele escreve muito mal mesmo.
Sinto dizer que creio na segunda teoria. 
Outro ponto que me incomodou muito foi o quão clichê todas as situações são. É como se Dan tivesse relembrado todas as situações já batidas de tudo o que pode acontecer com um garotinho sozinho e juntasse sem qualquer inovação no livro. O garoto começa sua viagem com planos de filmes de ação e, conforme sua "saga" avança, não é como se descobríssemos nada de novo.
O personagem vai parar em um desses clássicos cafés mal iluminados de esquina dos filmes americanos, com aquela garçonete que masca chiclete de boca aberta e alguns transeuntes aleatórios nos cantos, como um homem bêbado ou um mendigo no balcão. E, sempre nessas histórias, tem alguém que será bonzinho com o personagem perdido. Conte-me novidades.
Depois de saltar para um capítulo mal escrito (como o usual) da família dele, voltamos para a saga de nosso pequeno peregrino, e ele se encontra sozinho, na rua, no meio da noite, com um grupo de malvados parado em um ponto próximo. Adivinhe só o que acontece? Dou-lhe uma chance...
Sim, exatamente, o grupo de malvados segue o garoto. Bate nele. Rouba suas coisas. Deixa-o no chão, depois de apanhar, pensando que morreu. Criatividade para quê, se você pode simplesmente juntar situações prontas?
Como se não bastasse tudo isso, há ainda uma vontade imensa do autor em nos mostrar o porquê de o nome do livro ser A Mais Pura Verdade. Essa frase é repetida ao longo do livro por várias, várias vezes. Chega a ser muito irritante.
Esses são apenas alguns dos exemplos que ilustram meu ponto e que demonstram com justeza minhas primeiras impressões do livro.



Pensei, sinceramente, em não escrever nada sobre. Afinal de contas, a ideia de escrever era para poder ganhar o livro na base dos elogios e, se eu não elogiar, de que serviria?
Ou eu poderia inventar elogios do além, escrevê-los com desgosto, só para que pudesse ganhar o livro futuramente, mas de que isso adiantaria? Eu teria um livro do qual não gosto nem um pouco na estante, e ainda teria violado meus princípios de não mudar minha opinião por causa de editora nenhuma.
Mas resolvi escrever esse post justamente por ver muitas pessoas violando esses princípios (se elas o tiverem). Sim, você pode ter até gostado do livro e achado bem escrito, como já cheguei a ler. Não é minha culpa o fato de muitos terem começado lendo livros bobinhos e simplesmente parado neles. Cada um é cada um. Mas me incomoda o modo como muitos blogs se transformam em prol de editoras, e vi isso em muitos posts de primeiras impressões sobre este livro. 
Venho me segurando para não escrever nada sobre isso desde janeiro, quando o período de parcerias começou, mas agora tudo se juntou e se tornou inevitável.
Nesse tal período de editoras selecionando parceiros, foi incrível como o número de resenhas (positivas, é claro) aumentou muito em alguns blogs. Como todos se desesperavam pedindo seguidores e likes em páginas (não estou falando de retribuição de seguidores, algo que faço numa boa, estou falando de "sigam meu blog, por favor!") só para se mostrarem mais "selecionáveis" que outros (alguns até deixavam esse motivo explícito nas postagens, lastimável). 
Era incrível como, de repente, todas as editoras faziam um ótimo trabalho, como todos os livros dela eram maravilhosos, e como tudo isso diminuiu drasticamente depois que a seleção da maioria das editoras acabou.
Recentemente, tornei-me um parceiro da editora Gutenberg, o que já me rendeu um livro e tudo o mais. Mas consegui isso sendo eu mesmo, Eles gostaram de mim, mesmo sabendo que posso detonar um livro se não gostar. Portanto não estou falando que não se deve tentar parcerias. Isso seria uma enorme hipocrisia. E parceria com editoras é muito legal. Estou falando que é ridículo o modo como muitos blogs se modificam só para serem escolhidos. Como de repente se tornaram robozinhos, babando ovo bajulando as editoras e os livros só para ganharem livros de graça.
Se você tem um blog literário só para ganhar livros, uma dica: baixe ebooks, ou arrume dinheiro e compre os livros. Isso economizará muito trabalho, e ainda nos poupará de muitos blogs vazios de conteúdo e cheios de "interesses comerciais". 
O blog é um dos espaços mais pessoais que existem, no qual você poderá ser 100% você e os outros que se  danem. Se não gostar, é só não entrar. Não se tornem algo que vocês não são só por um punhado de livros de graça. Como diz o novo (e já linchado verbalmente por mim) autor Dan Gemeinhart, esta é a mais pura verdade. 

2 comentários:

  1. Fico muito feliz por ter escrito o post, Adan. Foi uma atitude louvável. Admito que fiquei com uma dorzinha no coração porque estou gostando bastante do livro, hehe. Mas, novamente, louvável.

    Abraço!
    http://porenseetcs.blogspot.com/

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  2. Oi Adan,
    Eu nem sabia dessa parte de ganhar o livro se escrever a resenha. haha Recebi a prévia da editora também, mas não li ainda porque não estou no clima para uma leitura desse tipo.
    Eu não tenho parceria com editoras ainda, apenas com autores. Mas deixo bem claro para todos eles que eu leio no meu tempo, sem prazos. Da mesma forma, escrevo o que eu realmente acho dos livros. Um tempo atrás, pensando nos textos que eu tinha postado, me senti meio mal de só ter escrito falando mais ou menos das minhas últimas leituras. Mas eu fui sincera... era uma fase ruim e as leituras não estavam agradáveis.
    Acho extremamente chato esse povo que só faz resenha positiva. Não é possível que eles amem todos os livros que leem!

    Mas agora eu fiquei curiosa para ler essa prévia. Só li resenhas positivas até agora e foi a sua opinião que me deixou com vontade de ler! Viu como nem sempre falar que o livro é perfeito faz incentiva o leitor? Pra mim, o importante é a sinceridade! :)

    Abraços!
    Petra | Na Próxima Página...

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