domingo, 27 de outubro de 2013

Vamos falar sobre: A Menina que Roubava Livros


Oi, como vai?
Antes de mais nada quero dizer que chorei com esse livro. Chorei. Muito. 
De todos os livros que já li e adorei até hoje, nenhum deles mexeu comigo tanto quanto este. 
O livro conta a história de Liesel Meminger, uma garota que vive na Alemanha na época do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. Ela estava em um trem com a mãe e o irmão, sendo levada para a casa de Hans e Rosa Hubberman, seus novos pais de criação, já que a mãe não conseguia mais cuidar deles sozinho. Neste trem, no meio do nada, o irmão de Liesel morre, e é onde a Morte e a garota se encontram pela primeira vez. A Morte se encontra mais algumas vezes com Liesel, o que faz nossa narradora (sim, o livro é narrado pela Morte, e ela é uma personagem muito legal) desenvolver um certo interesse pela garota. 
Liesel chega ao número 33 da Rua Himmel, onde sua nova família está, e de início não quer entrar, mas depois que entra começa a conhecer seus novos pais e a criar laços de verdade com eles. Rosa Hubberman é uma das personagens mais engraçadas, por mais que seja muito rigorosa e um tanto mal encarada. Hans Hubberman... ah, ele é meu personagem favorito. Desde o início ele desenvolve uma relação com Liesel que faz parecer com que são pai e filha de verdade há muito tempo, e não um pai de criação e uma garota que chegou há pouco tempo em sua casa, deixada pela mãe. 
O título do livro entra justamente na sua mania por roubar livros. O primeiro que rouba é O Manual do Coveiro, que caiu do bolso do coveiro enquanto enterrava seu irmão. E foi com este livro que ela aprendeu a ler e a escrever, ensinada por Hans em seu porão. Desde então, ler se torna seu maior prazer, competindo acirradamente com roubar livros. O livro é dividido em dez partes, cada uma com o nome do livro que roubou na época, e cuja história ajudou a guiar sua vida. 
Além de tudo isso, temos também a história de Max Vandenburg, um judeu que se esconde no porão da casa dos Hubberman e sobre o qual Liesel nunca pode falar para ninguém, nem mesmo para seu melhor amigo Rudy Steiner. 
Não vou dar mais detalhes para não estragar sua leitura, porque uma das melhores coisas do livro é virar cada página sem saber o que acontecerá na seguinte. A Morte nos dá alguns spoilers de vez em quando, antecipando o final e depois voltando para seguir linearmente e chegar até a parte que resumiu antes, desta vez com muito mais detalhes. E o impressionante é que mesmo isso não atrapalha a leitura. Pelo contrário, te estimula a continuar. 
A sinopse em si não é de atrair muito, mas quando você começa a ler não há como se desapegar da história. É tudo tão... perfeito. A narrativa é cheia de metáforas. Enquanto outros livros falam "fulano morreu" com "fulano morreu", a Morte usa de várias metáforas, que no fim vão dar em "fulano morreu", o que eu gostei bastante. Não é daqueles livros que conseguimos ler rapidamente, e o que é está expresso em palavras de um jeito cru, sem precisarmos pensar muito. Neste temos que pensar, e no início, enquanto estava me acostumando, tive que voltar alguns trechos para ver se estava entendendo direito. Conheço pessoas que abandonaram o livro porque não estavam entendendo nada, mas esse é um problema facilmente solucionado com um pouco de atenção. Afinal, os bons livros não são aqueles em que apenas uma passada de olhos pelas palavras já dizem tudo, e sim aqueles que contém significados a mais, que para entender você precisa realmente mergulhar nas páginas. 
Além da guerra e do nazismo batendo à porta, Hitler também se faz muito presente. Claro, se não fosse ele não haveria guerra nem nazismo, mas ele acaba fazendo umas "aparições". Markus Zusak retrata o poder das palavras do Führer bem maior que seu poder com as armas de fogo. Uma das melhores citações é de um momento em que Max, no porão da casa, começa a imaginar uma luta de boxe entre ele e Hitler. Ele apanha, apanha e apanha mais um pouco, mas quando consegue realmente reverter o jogo e bater em Hitler, este vai até a beira do ringue e começa um discurso:
"Meus compatriotas - chamou -, vocês estão vendo algo aqui esta noite, não é?
De peito à mostra e vitória no olhar, apontou para Max. 
- Estão vendo que enfrentamos algo muito mais sinistro e poderoso do que jamais imaginamos. Vocês enxergam isso?
- Sim, Führer - veio a resposta.
- Percebem que esse inimigo encontrou maneiras, suas maneiras desprezíveis de penetrar em nossa couraça, e que obviamente não posso ficar aqui e combatê-lo sozinho?
As palavras eram visíveis. Caíam de sua boca feito pedras preciosas.
- Olhem para ele! Deem uma boa olhada! - E todos olharam. Para o ensanguentado Max Vandenburg. - Enquanto falamos, ele arquiteta planos para entrar em seu bairro. Muda-se para a casa ao lado. Infesta vocês com a família dele e está prestes a dominá-los. Ele - e Hitler o fitou por um instante, enojado -, ele logo será dono de vocês, até ser ele a ficar não no balcão de sua mercearia, mas sentado nos fundos, fumando seu cachimbo. Quando menos esperarem, vocês estarão trabalhando para ele pelo salário mínimo, enquanto ele mal conseguirá andar, por causa do peso nos bolsos. Vocês vão ficar parados aí, simplesmente, e deixar que ele faça isso? Ficarão olhando, como fizeram seus líderes no passado, quando deram as terras de vocês a todo o mundo, quando venderam seu país por um punhado de assinaturas? Vocês vão ficar aí, impotentes? Ou - e nesse momento subiu uma corda mais alta - entrarão aqui neste ringue comigo?
Max estremeceu. O horror gaguejou em seu estômago. 
Adolf acabou com ele.
- Vão subir aqui, para podermos derrotar juntos esse inimigo?
No porão do número 33, da rua Himmel, Max Vandenburg sentiu os punhos de uma nação inteira. Um por um, eles subiram no ringue e o espancaram."
Se eu ainda não achava o livro brilhante, não tive como pensar outra coisa quando li esse trecho. E se eu já achava o livro brilhante, no final eu não consegui considerar menos do que um dos melhores livros que eu já li. Não vou dar nenhum detalhe sobre o que acontece, mas posso garantir que é... lindo! Valeu cada hora que eu passei lendo. Qualquer oportunidade, a menor que seja, que eu tiver de elogiar este livro eu vou fazê-lo, e ainda assim não vou conseguir expressar tudo. 
Sim, me empolguei, mas como disse no início do post, de todos os livros que eu já li até hoje e adorei, nenhum deles mexeu tanto comigo quanto este. Eternamente recomendado. 

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

2 comentários:

  1. Oie :)

    Nossa eu também achei esse livro brilhante e estou morrendo de vontade de assistir o filme logo hahaha, beijos !!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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  2. Também li à pouco tempo, porque queria ter a oportunidade de lê-lo antes de assistir o filme que já está em gravações. Mas não gostei assim tanto. Achei sim uma história bonita, inspiradora, com muitas lições e acima de tudo original (quem já leu antes um livro narrado pela morte?), mas não entrou para o meu top.
    Beijo, Jessie*
    www.fofocas-literarias.blogspot.pt

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